A importância da educação continuada na área da saúde é fundamental e impacta positivamente a qualidade dos cuidados de saúde prestados, a segurança dos pacientes e o desenvolvimento profissional dos profissionais da saúde. No campo dos Cuidados Paliativos, por ser uma área ainda vista com desconfiança e preconceito, as pesquisas científicas servem como um apoio para mostrar que é uma prática baseada em evidências que busca as melhores ferramentas para o bem-estar dos pacientes com doenças ameaçadoras da vida.

Por isso, hoje viemos falar um pouco mais sobre alguns dados importantes a respeito dos Cuidados Paliativos relacionados às desigualdades no acesso aos medicamentos para a dor e como a educação e a informação são possíveis soluções para mudar o cenário.

Em artigo publicado pela revista The Lancet em 2017, os pesquisadores afirmam que os Cuidados Paliativos são um componente central da cobertura universal de saúde, porém, no mundo, isso ainda não se traduz na prática. Neste artigo foi citado um relatório (também lançado pela revista The Lancet) de 2015, mostrando a falta de acesso a medicamentos para dor e a dificuldade de receber Cuidados Paliativos, principalmente em países subdesenvolvidos.

Um dos dados apresentados assusta: “Mais de 25.5 milhões de pessoas morreram em 2015 experimentando algum tipo de sofrimento relacionado a sua questão de saúde.” Além disso, mais de 70% dos óbitos em 2015 foram por doenças não transmissíveis (e, inclusive, evitáveis) e mais de 75% dessas mortes foram em países subdesenvolvidos.

Ainda sobre o relatório realizado pelo The Lancet, foi mostrado, por meio de números, a discrepância entre a necessidade dos pacientes de um olhar para o alívio do sofrimento, principalmente a respeito da dor, da dificuldade de receber Cuidados Paliativos e da demanda de analgésicos adequados como os opioides, por exemplo. Veja só:

  • Das 298.5 toneladas de opioides (equivalentes a morfina) distribuídas no mundo por ano, apenas 0.1 tonelada foi distribuída em países subdesenvolvidos.
  • Mais de 25.5 milhões de pessoas morreram em 2015 experimentando algum tipo de sofrimento relacionado a sua questão de saúde.
  • Quando somamos os pacientes que não morreram em 2015, mas que ainda assim apresentaram sofrimentos relacionados a problemas de saúde, temos 61 milhões de pessoas, sendo que mais de 80% desses pacientes vivem em países subdesenvolvidos.

Nesse relatório, além de dimensionar o abismo entre necessidade e acesso, são sugeridas medidas para reduzir o problema, através da avaliação das barreiras existentes e da avaliação de iniciativas pelo mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos que deram certo e podem servir de modelo para outros países.

Com o aumento da expectativa de vida somado ao envelhecimento populacional, o número de idosos frágeis aumentará, sendo mais frequente o surgimento de doenças crônicas e não transmissíveis, mas que precisarão de Cuidados Paliativos.

Dessa maneira, a OMS dita que estamos vivendo a Década do Envelhecimento e tem buscado soluções para melhor qualidade de vida dos idosos. Portanto, fala-se em alguns pilares:

  • Mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos com relação à idade e ao envelhecimento
  • Garantir que as comunidades promovam as capacidades das pessoas idosas
  • Entregar serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde centrados na pessoa e adequados à pessoa idosa
  • Propiciar o acesso a cuidados de longo prazo às pessoas idosas que necessitem

Todas essas mudanças só serão efetivas se os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados forem treinados e capacitados .

Embora os Cuidados Paliativos realizados por uma equipe especialista e multidisciplinar, muito do sofrimento relacionado a determinadas doenças pode e deve ser manejado por outros especialistas como médicos generalistas e enfermeiros com acesso ao treinamento adequado.

De qualquer forma, o relatório do The Lancet afirma a importância do acesso à saúde pública de qualidade acima de tudo.

O artigo completo pode ser lido AQUI.

 

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